domingo, 19 de junho de 2011

Mesmo que seja estranho...

Não quero que pareça nem um pouco piegas, ou que seja confundido com algum tipo de auto-ajuda barata, mas certa feita estava discutindo com um amigo sobre algum problema da minha vida.  Conversa vai, conversa vem e nessa então eu acabei comentando: “então, é normal que as pessoas...?” e ele me interrompeu no ato. E disse normal? Normal pra quem? E eu insistia em dizer, “é normal que as pessoas...?” e ele me interrompeu de novo e disse: Nós estamos aqui pra falar de outras pessoas? Estamos aqui pra falar de você, de quem você é, e qual é a próxima etapa certa pra você. Depois disso, parei pra refletir sobre qual seria a pergunta certa a se fazer.  Existe uma história que eu particularmente acho fantástica, ela fala sobre um homem chamado Jacó, que combate um anjo, eles lutam por horas à beira de um rio e ao amanhecer ele diz a Jacó, “Me deixe partir.” E Jacó responde, “não o deixarei partir sem que me abençoe.” O homem disse, “Qual é o seu nome?” Bom essa pergunta tem toda uma história por trás, voltarei um pouquinho. Quando li anteriormente eu conheci Jacó, no começo da história, ele estava tentando enganar seu pai e se passar por seu irmão mais velho, Esaú. Porque naquela época e cultura o pai abençoava o filho mais velho, mas o seu pai era cego. Então ele se disfarçou como seu irmão. Seu pai Isaac, sentiu que havia algo errado e perguntou “quem é você?” E Jacó disse: Sou eu, Esaú. Jacó na historia, tenta ser outra pessoa. O seu irmão Esaú descobriu o que ele fez, ficou furioso e ameaçou mata – lo. Então Jacó fugiu, e passou a viver fugindo. Mas, no antigo oriente o nome em si era mais que uma palavra. O nome era a identidade, o reflexo de seu caráter, da sua substância. Enfim, era a fibra que fazia você ser você. O seu nome dizia quem você era.  Então voltando a historia, quando esse homem pergunta o nome de Jacó, a pergunta que ele esta realmente fazendo é “quem é você?” Alias, quanto da nossa dor é proveniente de não sabermos responder a essa pergunta?  Acabamos nos desviando, nos distraindo, nos preocupamos demais por sermos diferentes dela, ou dele e acabamos fazendo as perguntas erradas, “e ele? E ela? Mas e eles? Enfim, uns são mais inteligentes, outros mais ricos, alguns são mais fortes, outros têm certa silhueta, Ué as coisas são assim. O fato é que perdemos muito na vida quando estamos incessantemente comparando, medindo e aferindo a nos mesmos de acordo com aqueles que nos rodeiam, jamais viveremos nosso eu verdadeiro se estivermos nos comparando aos outros. A luta de Jacó é realmente a minha e a sua luta. Somos sempre perguntados, “Qual é o seu nome?”, mas num nível mais profundo a verdadeira pergunta é? “Quem realmente você é?” Todos temos passados, famílias, coisas que fizemos, erros que cometemos. Onde fomos e o que fizemos tudo isso nos moldou na pessoa que somos hoje. Então temos que abraçar nossas estórias , a nossa história. Só quando aceitarmos nossa própria historia como ela é, tudo de bom, tudo de ruim, podemos começar a responder à pergunta: “Qual é o seu nome?” Afinal, você desejaria ser alguma outra pessoa? De outra família? Ter aquelas aptidões em vez das que você tem? Ter aquele corpo em vez do corpo que é seu? Porque isso lhe importa? Ela tem o caminho dela, ele tem o dele, eles têm os seus próprios caminhos e você tem o seu ué. Você e eu temos limites. Há muitas coisas que não somos. Há muitos tipos de pessoas que não somos. Enfim, como eu poderia amar e aceitar outra pessoa, quando nunca aceitei quem eu sou, e também quem eu não sou? Alguns vivem a vida toda de acordo com as expectativas dos outros, seja uma figura de autoridade, um membro da família. É como se um roteiro já tivesse sido escrito por outra pessoa e a única coisa a se fazer é interpretar um papel. Outros dedicam a sua vida inteira ás esperanças, sonhos, metas e planos de outra pessoa. E assim, no processo, perdem a sua identidade e sua vida. Há outras que estão aleijados pelo sentimento de culpa e pela vergonha, e acham que falharam ou que não chegaram lá. Que esses erros e falhas aparentemente os definem, e então vivem com a sensação de que nada, nunca será melhor do que isso. Então continuando a historia, há esse momento a margem do rio conforme o sol se levanta, e Jacó encara esse homem que lhe fez a pergunta, “qual é o seu nome?”Jacó responde convicto: “eu sou Jacó.” O mais lindo dessa historia é que ele teve dificuldades, ele foi esmagado, e ele parou de fingir. Ele não mais finge ser Esaú ou qualquer outra pessoa. Ele lutou e superou. Agora mais do que nunca Jacó esta pronto pra ser Jacó. Uma coisa é certa, precisamos ser salvos de todas as ocasiões que não fomos nós mesmos, de todas as ocasiões que tentamos ser outra pessoa, todas as ocasiões em que fizemos a pergunta errada. E agora eu sei que naquele momento eu fiz a pergunta errada. E foi então que me veio à mente a pergunta certa: “é normal pra mim?” Que façamos então o trabalho árduo da alma para descobrir seu verdadeiro eu. Que possamos encontrar nosso caminho e 
Mesmo que seja estranho, seja você.


Naiara Dourado

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